Foto: Tânia Diniz e SILVIA ANSPACH
(http://www.mulheresemergentes.com/)
SILVIA ANSPACH
( São Paulo – Brasil )
Sílvia Simone Anspach concluiu o doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1987, com bolsa Fulbright para visiting scholar and faculty na University of North Carolina.
Mestre em Linguística Aplicada na University of Reading em 1981, Sílvia tem formação em Psicanálise e especialização em Psicologia Analítica. Foi professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) de 1981 a 2007 e atualmente leciona e orienta trabalhos científicos no curso de Pós Graduação em Arte Integrativa do Centro de Estudos Universais (Anhembi-Laureate Unversity).
Recebeu diversos prêmios e/ou homenagens, é autora de livros e no presente momento trabalha no eixo Brasil-Estados Unidos, atuando em comissões julgadoras e como palestrante em assuntos de Criação Literária e ‘Post Colonial Literature’. Os termos mais frequentes em sua produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: literatura, linguagem, teatro, cultura, identidade, arquétipo, Jung, arte, ensino e tradução. (Fonte: Currículo Lattes)
ANTOLOGIA ME 18. Mulheres Emergentes. Belo Horizonte: Anome Livros, 2007. 112 p. 14 x 205 cm Ex. bib. Antonio Miranda
Os poemas bilingues aqui apresentados não são traduções uns dos outros, mas sim diferentes versões criativas em português e inglês de um mesmo tema.
A POESIA É
pingar pingos de chuva nos “is”
fazer tremer com tremas.
É abrir asas ao invés de aspas,
catar sonhos e senhas
nas sendas de indizíveis sons.
É nunca fechar. Nada.
É sempre desfalcar os dicionários,
suspender leis,
surpreender sentidos.
É incensar os signos
com (ou sem) insensatos significados.
Poesia não é nada disso.
Este poema é o aquém
de um sempre teimoso além.
POETRY is
panning for words,
prospecting for Dreams,
starring the page with signs,
wordin and rewording,
wordless, worlwide woes
covert deeds,
might swords.
Pen on paper
Printing
black and White hymns,
weighing and unvelling
meanings and minglings of
sounds and songs.
Sailing the sea of
sargaço signals.
(“Come on, I´m not for sale! – cries the poem”)
In the horizon,
free and grauitous,
the sono f the sun sets:
Poety is silence.
MUSEU
Sarcófagos,
murais,
objetos esparsos,
escassos vestígios.
Tudo passa.
(Sta Tereza?)
Das pegadas de
um chimpanzé,
o Homo Sapiens
ensaia
seus primeiros passos.
Nas manchetes do jornal de hoje,
persiste o bruto de ontem.
Do Passado,
o Hoje encena
um (freudiano?) chiste.
BLUE
Blue cannot be found in blueprint
It can sometimes be seen in a black eye
It is bluer in the deep blue sea
But there, it is often tinted with greenness (My bluish
eyes are not entirely blue)
It is colorless when I feel blue and discolored
It is cold in the bright blue skies above
wintry, snow-covered peaks.
It is sweet in juice blueberries
It is a potential in tha artist´s brush
It is na actually in his finished painting
Picasso´a ble man with his blue guitar
and his blue music
is the bluest thing I know
POEMAS BREVES
I
abelhas
polinizam os meus sonhos
sobre a fronha,
rosas brotam
vermelhas.
II
Dos sonhos
a vida rasga o véu.
Céu, inferno,
Mel e fel.
III
Pintassilgo,
Bebe à fonte,
ar-
risca o voo.
Linha reta:
Horizonte.
BRIEF POEMS
I
golden bees
pollenize my Dreams.
On my pillow,
honey, billows,
willow
trees.
II
In my dreams
elusive vultures
sail, unveil
streams, sunbeams.
III
Flying falcons
draw a straight line,
rise above the
Horizon
GEMINAL AND SEMINAL
Para CLARICE LISPECTOR e VIRGINIA WOOLF
Clarice navega águas vivas.
Virginia aviva ondas,
naufraga em vagalhões.
Uma, flor de lis (pector?);
Outra, loba.
Ambas desafiam o verbo,
desfiam a linguagem,
rosário de poesia
em prosa
e glosa.
Glória à carne feita Verbo,
ao Verbo feito imagem,
Da miragem da vida,
à voragem da morte,
narrativa como passagem:
Além e aquém.
Messiânico Farol;
Bíblica Macabéia.
Suicídio e dilúvio.
Palavra em
Primórdios:
(Com)sagração dos signos.
Desígnios irmãos.
GEMINAL AND SEMINAL
for CLARICE LISPECTOR and VIRGINIA WOOLF
Clarice sails living waters
jails jelly fish
Virginia livens waves
drowns in whirpools.
One, a flower, a lili(- spector?);
The Other, a wolf.
Both defy wor(l)ds,
defile language
in prose
primorose (is a rose is)
Glory to the flesh turned into Scripture
To Scripture inscribed in sculpture
(His
own image?)
From the miragem of life
The wreckage of death
narrative is a Voyage
Beyond and yonder
Messianic Lighthouse
Biblical Macabea
Suicidal deluge
Dellusional
Primal
prayer
(Com)secration of signs
silsterly designs
SEPARAÇÃO
A rosa que você meu deu
secou
vela sem fogo
opaco sol
mar morto
areia
O deserto de teus lábios
encontra
o frio de meu seio
murcho
de árido desamor.
Não liga, não.
Todo fim é assim.
Simplesmente um fim.
Sem sal, insosso, sem graça.
Ultrapassado, fora de moda.
Fora!
Fora desta casa!
Agora!
PARTING
The rose he once gave me as withered
unit candle
rayless sun
in a dried up sea.
The deserto f your lips
finds my cold tongue
whispering empty words
of sandy unlove.
Never mind.
The end is Always
just an end.
Unseasoned, bland, unsalte,
Outdated, out-fashioned.
Out!
Right now!
*
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em abril de 2022
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